segunda-feira, 30 de maio de 2011

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Curso de Corte e Costura

Apesar de comunista na adolescência, com direito a acampamento na porta do MEC para lutar por uma educação melhor no Brasil, sou muito mulherzinha. M-u-i-t-o. E num momento de botão do f#d@$ ligado, resolvi me matricular em um curso de corte e costura aqui em BH.

O curso em si não foi assim... um sucesso total... inclusive a primeira peça da minha coleção infantil, um vestido de florzinhas vermelhas com babadinhos e sianinha amarela veste hoje Maria, uma das bonecas da Clarice. Esta, nem um pouco besta, ao provar o vestido me olhou e fuzilou sem dó "qué tirá mamãe". Aquela, inerte, muda e emborrachada, não teve direito à manifestação nenhuma e ficou com o vestido "de presente".

Durante o curso eu não conseguia parar de pensar em como somos uma junção de retalhos: eu, por exemplo, tenho o bom humor da minha mãe e a falta de paciência do meu pai, tudo isso alinhavado por uma teimosia de doer que não sei de onde puxei. Quando estou cansada, corro para casa que nem um botão e quero ficar quietinha lá, paradinha, protegida. Se me falta "pano" para qualquer coisa, ali está o alfaiate mor, el maridón, sempre pronto para fazer um remendo, seja emocional ou financeiro (eta cheque especial, hihihihi). E assim a minha vida segue como uma grande colcha de retalhos... clichezinho talvez, mas belo se visto com olhos desprovidos de preconceitos. 

Quando falo em juntar retalhos, fazer remendos, colar pedaços, não consigo deixar de pensar em Frankenstein. E em Mary Shelley. Você sabia que Frankenstein foi escrito por uma mulher no século XIX na Inglaterra? Pois é. Mas claro que não foi fácil assim. Mary Shelley primeiramente publico seu livro de forma anônima e muita gente achava que Frankenstein era uma obra de seu marido, o também escritor Percy Shelley. Só depois, bem depois mesmo que Mary Shelley teve sua glória como escritora. Injustamente póstuma, mas justamente glória.

Pois é. No século XIX uma mulher quebra tabus e publica um clássico e em pleno século XXI outra mulher... erm... glup... COSTURA!
   

terça-feira, 24 de maio de 2011

Olaudah Equiano

Para mim é um nome tão sonoro que nunca consegui esquecê-lo desde que trombei com ele na Faculdade de Letras. Olaudah Equiano.

Equiano foi o primeiro escravo que teve seus escritos publicados em língua inglesa, em pleno século 18, em pleno Estados Unidos escravista e absolutamente racista. Equiano era um girino contra a maré. Mais um tiquinho sobre Equiano aqui, in English, sorry.

Pensando em Olaudah Equiano (veja que não me canso de repetir o nome dele), pensei em quantas vezes me senti uma girina remando contra a maré. Na opção do casamento civil sem cerimônia religiosa. Na opção de  largar um empregão para ser mãe pelo menos em meio horário. Na opção de colocar meu curso técnico no fundo do armário e, junto com ele, uma provável faculdade de Engenharia, assumindo assim uma faculdade menos glamourosa. Na opção de privilegiar experiências culturais em detrimento de bens materiais (e viva minha mesa de jantar véia!) E, mais uma vez, pensado em Olaudah Equiano, percebi que não existe direção certa da maré e sim a opção de não me deixar simplesmente ser levada por ela e poder, assim, escolher um caminho. O meu caminho.