sexta-feira, 1 de julho de 2011

E viva minha mãe!

Escrever sobre minha mãe é um paradoxo gostoso. É fácil, dado à simplicidade do seu amor. Porém é difícil, dado à intensidade do sentimento e à admiração que tenho pela sua história de vida. Sendo assim, Carlitos que sempre me salva, consegue dizer tudo (quase) no poema que dedico a ela hoje.

Dedico a você minha mãe, que mesmo tendo perdido sua mãe no momento em que você se tornou filha, sabe ser a melhor mãe do mundo, para sempre!

PARA SEMPRE 
Carlos Drummond de Andrade


Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.


Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Curso de Corte e Costura

Apesar de comunista na adolescência, com direito a acampamento na porta do MEC para lutar por uma educação melhor no Brasil, sou muito mulherzinha. M-u-i-t-o. E num momento de botão do f#d@$ ligado, resolvi me matricular em um curso de corte e costura aqui em BH.

O curso em si não foi assim... um sucesso total... inclusive a primeira peça da minha coleção infantil, um vestido de florzinhas vermelhas com babadinhos e sianinha amarela veste hoje Maria, uma das bonecas da Clarice. Esta, nem um pouco besta, ao provar o vestido me olhou e fuzilou sem dó "qué tirá mamãe". Aquela, inerte, muda e emborrachada, não teve direito à manifestação nenhuma e ficou com o vestido "de presente".

Durante o curso eu não conseguia parar de pensar em como somos uma junção de retalhos: eu, por exemplo, tenho o bom humor da minha mãe e a falta de paciência do meu pai, tudo isso alinhavado por uma teimosia de doer que não sei de onde puxei. Quando estou cansada, corro para casa que nem um botão e quero ficar quietinha lá, paradinha, protegida. Se me falta "pano" para qualquer coisa, ali está o alfaiate mor, el maridón, sempre pronto para fazer um remendo, seja emocional ou financeiro (eta cheque especial, hihihihi). E assim a minha vida segue como uma grande colcha de retalhos... clichezinho talvez, mas belo se visto com olhos desprovidos de preconceitos. 

Quando falo em juntar retalhos, fazer remendos, colar pedaços, não consigo deixar de pensar em Frankenstein. E em Mary Shelley. Você sabia que Frankenstein foi escrito por uma mulher no século XIX na Inglaterra? Pois é. Mas claro que não foi fácil assim. Mary Shelley primeiramente publico seu livro de forma anônima e muita gente achava que Frankenstein era uma obra de seu marido, o também escritor Percy Shelley. Só depois, bem depois mesmo que Mary Shelley teve sua glória como escritora. Injustamente póstuma, mas justamente glória.

Pois é. No século XIX uma mulher quebra tabus e publica um clássico e em pleno século XXI outra mulher... erm... glup... COSTURA!
   

terça-feira, 24 de maio de 2011

Olaudah Equiano

Para mim é um nome tão sonoro que nunca consegui esquecê-lo desde que trombei com ele na Faculdade de Letras. Olaudah Equiano.

Equiano foi o primeiro escravo que teve seus escritos publicados em língua inglesa, em pleno século 18, em pleno Estados Unidos escravista e absolutamente racista. Equiano era um girino contra a maré. Mais um tiquinho sobre Equiano aqui, in English, sorry.

Pensando em Olaudah Equiano (veja que não me canso de repetir o nome dele), pensei em quantas vezes me senti uma girina remando contra a maré. Na opção do casamento civil sem cerimônia religiosa. Na opção de  largar um empregão para ser mãe pelo menos em meio horário. Na opção de colocar meu curso técnico no fundo do armário e, junto com ele, uma provável faculdade de Engenharia, assumindo assim uma faculdade menos glamourosa. Na opção de privilegiar experiências culturais em detrimento de bens materiais (e viva minha mesa de jantar véia!) E, mais uma vez, pensado em Olaudah Equiano, percebi que não existe direção certa da maré e sim a opção de não me deixar simplesmente ser levada por ela e poder, assim, escolher um caminho. O meu caminho.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

E viva eu!

Soprei muuuuuitas velinhas ontem, rodeada por pessoas queridas e com uma boa história para contar para a pequenina quando ela crescer: ganhei um bolo lindo da minha mãe, feito pelas mãos de fadas da Selma, que me viu nascer e sabe que adoro flores, e decorou o bolo com muitas flores e muito carinho, e o bolo lindo estava na minha casa havia 10 minutos, e eu estava toda saltitante com meu bolo lindo até que... em uma sapequice, Clarice resolveu empurrar a mesa e o forro, e, meu bolo lindo deu uma cambalhota no ar e... pluft, caiu de cara no chão, bem na hora que eu esperava pessoas queridas para dividir o bolo lindo e a minha alegria de fazer aniversário naquele dia. Sentei e chorei, chorei e sentei, conversei com a Clarice com as mãos ardendo de vontade de sapecar aquele tapa na bunda, mas guardei o tapa, confiei no diálogo e fui tomar um banho para... para pensar, chorar mais, pensar, esfriar a cuca, pensar nas mil coisas sobre ser mãe e indivíduo ao mesmo tempo, sobre ser mãe e ser eu ao mesmo tempo, sobre ser mãe e abrir mão de mim muitas vezes, sobre ser mãe e me sentir o ser mais sublime, sobre ser mãe e ser, ser, ser. Ser nada e tudo ao mesmo tempo. Quando saí do banho, ganhei o meu maior e melhor presente: uma Clarice quase adulta com seus quase dois anos de idade me esperando na porta do banheiro com um abraço gostoso e um pedido de "dicupa, Caíce purrou a mesa". Peguei o bolo na cozinha e resignada coloquei na mesa para receber as pessoas queridas e dividir minha alegria: eu nunca tive um bolo tão lindo e tão cheio de significados como aquele.

segunda-feira, 28 de março de 2011

segunda-feira, 14 de março de 2011

Desprendimento

Tem palavra que é fácil definir, porém difícil de praticar. Eu mesma preciso praticar muito essa arte do desprendimento. Acho que foi por isso que o destino colocou no meu caminho uma fotógrafa em um sábado bobinho pela manhã, em um parquinho bobinho perto de casa, quando dois bobinhos - eu e Jon - brincávamos de correr com a nossa doce pequetita. A fotógrafa, Conceição, estava fazendo uma sessão com uma bebezinha fofa e, quando nos viu, virou a câmera e fez algumas fotos. Eu, de sorriso amarelo, me sentindo pega em uma arapuca, fiquei meio sem jeito e imaginei qual seria o preço... mas Conceição sorriu e disse: deixa seu e-mail na portaria do parque que depois eu te mando as fotos!

Passada uma semana, até tinha me esquecido das tais fotos, abri meu e-mail e pimba, tive uma grata surpresa! Divido com vocês não só uma das fotos, como o e-mail e o flickr da Conceição:


Tá aí uma bela lição de desprendimento.

domingo, 6 de março de 2011

Minha pequena foliã

Nem a chuva, nem a crise no Oriente Médio, nada, nada, nada, tirou a empolgação da minha pequena Clarice no dia do carnaval na escola - detalhe: ela vestiu a fantasia às 10h30 da manhã para esperar a aula que começa às 13h30:


Minha pequena foliã mostrando que tem o sangue da mamãe nas veias!!!
Próxima parada: Ouro Preto? Diamantina? Ai Je-sus!!!

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

americanas.com

Interesse público: http://mariacarambola.blogspot.com/2011/02/americanascom.html
Se você faz compras na internet, não deixe de acessar.
Consumidores unidos jamais serão passados para trás!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Link para guardar

Da mesma forma que eu junto tralhas e tralhas no meu guarda-roupa, para quem sabe, um dia dar uma utilidade a elas, acabo também juntando links e links, para quem sabe, um dia executá-los. Para quem curte craft e DYI, florzinhas bobinhas bobinhas e bonitinhas bonitinhas: WALLFLOWERS.

Tem uma pessoa que consegue entender essa minha mania de juntar coisas e coisas e quem sabe um dia dar novo uso a elas. É o Manolo*... olha só o que ele escreveu sem nem me conhecer (ai que perfect conexion):


Uma Didática da Invenção

I
Para apalpar as intimidades do mundo é preciso saber:
a) Que o esplendor da manhã não se abre com faca
b) 0 modo como as violetas preparam o dia
para morrer
c) Por que é que as borboletas de tarjas
vermelhas têm devoção por túmulos
d) Se o homem que toca de tarde sua existência
num fagote, tem salvação
e) Que um rio que flui entre 2 jacintos carrega
mais ternura que um rio que flui entre 2
lagartos
f) Como pegar na voz de um peixe
g) Qual o lado da noite que umedece primeiro.
Etc.
etc.
etc.
Desaprender 8 horas por dia ensina os princípios.

IV
No Tratado das Grandezas do Ínfimo estava
escrito:
Poesia é quando a tarde está competente para
Dálias.
É quando
Ao lado de um pardal o dia dorme antes.
Quando o homem faz sua primeira lagartixa
É quando um trevo assume a noite
E um sapo engole as auroras

IX
Para entrar em estado de árvore é preciso
partir de um torpor animal de lagarto às
3 horas da tarde, no mês de agosto.
Em 2 anos a inércia e o mato vão crescer
em nossa boca.
Sofreremos alguma decomposição lírica até
o mato sair na voz.
Hoje eu desenho o cheiro das árvores.

IX
O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa
era a imagem de um vidro mole que fazia uma
volta atrás de casa.
Passou um homem depois e disse: Essa volta
que o rio faz por trás de sua casa se chama
enseada.
Não era mais a imagem de uma cobra de vidro
que fazia uma volta atrás de casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem.

do "O Livro das Ignorãnças" ed. Civilização Brasileira.

*Manoel de Barros,

Sacou a vibe louca pré-menstrual da mulher aqui? hehehehe